O Guia da Câmera Compacta (ou o Hitchhiker's Guide to the Point-and-Shoot Camera)!


Que tal dar umas voltas por aí com uma câmera compacta para variar? Preocupar-se, por um momento, menos com a técnica e mais com a vida? E anular a chance de ter seu valioso equipamento roubado? 




Sei bem quais serão seus argumentos: o primeiro, que também esconde o segundo, é que você preza pela qualidade das imagens e pelo baixo nível de ruído. O segundo é que dá vergonha ser visto por aí com uma máquina quadradinha.

Ou talvez você pense que, já que é para apelar, então por quê não usamos as câmeras de nossos celulares?

Nesse caso, sou eu que dou dois argumentos: (1) seu celular custou uns dois mil reais, enquanto que aquela cyber-shot na gaveta custou 250 - então pare de mostrá-lo por aí, deixando-o no bolso ou, de preferência, em casa, já que (2), estou propondo um comportamento zen-minimalista.

Superados esses primeiros problemas (o que pode levar anos), vamos para a parte prática.

Começo com uma brevíssima história: certa vez comprei uma câmera compacta mirrorless e achei uma porcaria - naturalmente, por culpa minha. Após anos usando SLRs, tanto digitais como analógicas, pensei que poderia exigir a mesma performance da compacta. Era claro que eu não podia, e, ao invés de me adaptar, passei a máquina nos cobres. Só para constar, o que faltava nela? Basicamente, precisão e velocidade no foco e latitude, coisas em que muitas compactas ainda pecam (embora muitas dessas possuam sensores do tamanho APS).

Isto é, meu espírito ainda não estava preparado; ainda faltava uma evolução.

Após muito tempo, encontrei uma compactazinha no fundo do armário. Mas estou falando de uma muito simples, pequenininha, de bolso, sem nenhum recurso diferente como possibilidade de troca de lentes, sensores grandes ou sapatas para flash - e muito menos formato RAW. E, depois de alguns cliques, fiz a foto abaixo:



Eu sei que você faz melhor com sua Mark III, mas estamos falando aqui de fotografia de trincheira (muito zen essa comparação, aliás). O que ficou ao meu lado nesta ocasião foi a iluminação, aberta e farta. Não há segredos nessa parte, tudo o que é bom para as DSLRs também é bom para as compactas. Minha maquininha automática sabe que não precisa subir seu ISO e tampouco usar velocidades baixas quando há luz à vontade. Em seguida, fiz esta:

  

A luz era escassa, nesse caso. Apesar disso, desativei o flash, porque queria um resultado bem natural. Se eu estivesse com um tripé à mão, com certeza seria melhor tê-lo usado, mas quis apostar no ISO mais alto e na velocidade lenta (ambos definidos pela câmera, que não permite que a fotometria não seja automática). Aqui, a máquina teve de ser segurada com o máximo de firmeza (não me recordo bem, mas é provável que eu a tenha apoiado sobre uma mesa), e ainda assim haveria o problema do ruído. Aí entra o grande auxílio: o Lightroom. É imperativo usar a redução de ruídos em situações assim. O ruído de luminância faz bastante diferença, e o de crominância nem tanto. Você pode recuperar um pouco de nitidez na sequência. Além disso, sempre recorra a softwares para fazer ajustes finos na exposição e nos níveis, já que estamos falando de câmeras de fotometria automática. 



Como você já deve ter observado, o preto-e-branco das compactas tem a tendência de parecer um pouco lambido e sem contraste. Prefira fazer as fotos em cor, ajustá-las com cuidado e, então, converter a fotografia para p&b. Tanto o Lightroom quanto o Photoshop vão permitir um bom ajuste dos tons e do contraste. No caso do Photoshop, prefira o Misturador de Canais para fazer a conversão. No Lightroom, também é bem fácil adicionar vinhetas em Efeitos.

À noite, e em ambientes fechados, de fato fica bem difícil usar as compactas sem acionar o flash. A única recomendação que posso fazer é usá-lo com cuidado. É melhor ficar um pouco mais longe de seu assunto e usar o zoom do que bater a foto de perto; assim, o flash acaba ficando menos duro. Se você não quiser flash de jeito nenhum, leve seu tripé ou arrume um tripezinho de mesa, que com certeza vai ser de grande utilidade. E, falando em ficar longe, tome também um cuidado especial com as distorções de grande-angular. As lentes das compactas normalmente têm um grande alcance tanto para o sentido de tele-objetiva quanto para o de grande-angular, então não convém usar o zoom sempre no mínimo, mesmo que você esteja próximo de seus motivos.

    








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